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Adoçante aspartame é classificado como possivelmente cancerígeno pela OMS

Adoçante utilizado em refrigerantes dietéticos entra para a lista de substâncias de risco da Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer

Adoçante aspartame no café (Foto: Pixabay)

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247 - O aspartame, o principal adoçante utilizado em refrigerantes dietéticos, foi incluído na lista de substâncias "possivelmente cancerígenas" pela Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (Iarc), um órgão vinculado à Organização Mundial da Saúde (OMS). O anúncio foi feito na noite de quinta-feira (13), informa a Folha de S. Paulo.

O parecer do Comitê Misto da FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura) e da OMS sobre Peritos em Aditivos Alimentares (JECFA) concluiu que não há evidências convincentes de efeitos adversos após a ingestão de aspartame, seja em dados experimentais em animais ou em seres humanos. O comitê da JECFA também afirmou que não há motivo para alterar a recomendação diária máxima de 40 mg/kg. A Administração de Alimentos e Medicamentos dos Estados Unidos (FDA) indica que a ingestão máxima pode ser de 50 mg/kg. De acordo com a FDA, uma pessoa com peso médio de 60 kg teria que consumir mais de 75 pacotes de 8 g de aspartame para estar exposta a algum risco.

A classificação do aspartame como possivelmente cancerígeno ocorre após a avaliação de estudos sobre o desenvolvimento de câncer em seres humanos, bem como testes clínicos em animais, realizada por um grupo de trabalho composto por 25 especialistas independentes de 12 países. O comitê misto da FAO e OMS contou com a participação de 13 membros e 13 especialistas de 15 países.

Essa classificação acontece dois meses depois que a OMS desaconselhou o uso de adoçantes não nutritivos como substitutos do açúcar em dietas para controle de peso. O alerta destacava os efeitos colaterais desses compostos a longo prazo, como o aumento do risco de diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares, trombose e certos tipos de câncer em adultos.

O aspartame, que tem um sabor mais doce que o açúcar, mas sem suas calorias, está presente na maioria dos produtos classificados como "zero açúcar" ou "diet", como refrigerantes, sucos líquidos e em pó, chás industrializados, preparos prontos para café e cappuccino, iogurtes, gelatinas, pães, barras de cereal e chicletes.

O presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), Paulo Augusto Miranda, destaca que as publicações e recomendações dos órgãos de saúde são baseadas na avaliação de dados científicos. Nesse caso, as decisões são fundamentadas em evidências de estudos de longo prazo, bem como em estudos controlados com uso de placebo. A agência avalia a quantidade e a qualidade dos trabalhos científicos sobre a substância, com o objetivo de calcular o nível de exposição das pessoas e a associação desses compostos com o desenvolvimento de doenças. Ele afirma que é o conjunto de evidências que possibilita a recomendação.

Ainda não há consenso científico sobre os malefícios dos adoçantes não nutritivos à saúde, incluindo o câncer. No Brasil, cabe à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) avaliar a recomendação da OMS e orientar as ações relacionadas ao acesso a esses produtos por meio de regulamentação. Miranda ressalta que as diretrizes serão utilizadas pelos profissionais de saúde para orientar seus pacientes, com base em uma análise individualizada.

A classificação das substâncias avaliadas pela OMS é dividida em quatro grupos: cancerígenos para humanos, provavelmente cancerígenos, possivelmente cancerígenos e não classificáveis. A inclusão do aspartame na lista ocorreu devido às evidências científicas que o apontam como um produto de risco. Um estudo publicado na PLoS em 2022, que relacionou o uso de adoçantes com o aumento do risco de câncer, destacou que os adoçantes artificiais, especialmente o aspartame e o acessulfame-K, presentes em muitas marcas de alimentos e bebidas ao redor do mundo, foram associados a um maior risco de desenvolvimento da doença. Outra pesquisa realizada em 2016 por pesquisadores indianos questionou a segurança dos adoçantes artificiais como substitutos do açúcar, especialmente para mulheres grávidas e lactantes, crianças, diabéticos, pacientes com enxaqueca e epilepsia.

Paulo Augusto Miranda enfatiza que a orientação da OMS não é determinante, pois ainda não há uma associação clara entre causa e efeito. No entanto, ele destaca a importância de se observar e incorporar as diretrizes em políticas públicas e ações de saúde, levando em consideração o impacto individual e o risco populacional, bem como o contexto global da saúde pública.

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