“Sujeitos como Galvan estão por trás da instalação da CPI para atacar o MST”, diz Sâmia Bomfim
Antônio Galvan é líder do Movimento Brasil Verde e Amarelo e presidente da Aprosoja, grupo citado pela Abin como suposto “articulador dos atos intervencionistas” de 8 de janeiro
247 - Em entrevista ao programa Brasil Agora, da TV 247, a deputada federal Sâmia Bomfim (PSol-SP), que integra a Comissão Parlamentar de Inquérito do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), ressaltou que apesar do intuito da bancada ruralista de criminalizar o movimento social, nenhum crime foi apontado desde a instalação da comissão em 17 de maio.
“Eles montaram um palco para tentar criminalizar o movimento social e até agora não teve nada. Zero crime do movimento social”, disse a parlamentar, destacando que a bancada ruralista tem um braço parlamentar, mas também conta com financiadores externos, como grandes fazendeiros, que direcionam recursos para campanhas e fazem lobby para pressionar os demais parlamentares.
“Tem o braço parlamentar, mas tem o braço externo que são seus financiadores. Esses grandes fazendeiros que às vezes se lançam candidatos com representação direta, mas que boa parte das vezes não são candidatos mas estão botando grana nas campanhas ou fazendo lobby para captação de recursos para pressionar os demais parlamentares”, destacou ela, se referindo a Antônio Galvan, apontado como um dos financiadores dos atos antidemocráticos de 7 de setembro e presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil).
Galvan é líder do Movimento Brasil Verde e Amarelo, grupo citado pela Abin como suposto “articulador dos atos intervencionistas”. Essa informação trazida durante a intervenção da deputada Sâmia causou grande irritação entre os membros da bancada ruralista da CPI, principalmente do relator, o deputado Ricardo Salles (PL-SP).
“Sempre que eu trago um fato que mostra os crimes dos quais eles - os membros bolsonaristas da CPI - estão envolvidos cortam o meu microfone, começam a gritar, interrompem, fazem uma piada, uma ofensa me chamando de tudo que é nome. E a última foi quando eu trouxe um dado que foi veiculado pela imprensa sobre o presidente da Aprosoja, principal financiadora da bancada ruralista aqui na Câmara e também uma das maiores financiadoras de ônibus e das caravanas que vieram participar do golpe no dia 8 de janeiro. Nesse momento, Salles começou a falar por cima de mim”, relata.
“Esse sujeito [Antonio Galvan] está diretamente envolvido com duas frentes de investigação na sua relação com golpismo no Brasil; a dos atos do 7 de Setembro do ano passado e também pelo fato de ter financiado caravanas para virem até Brasília para depredar os Palácios do Poder. São pessoas que estão por trás da instalação da CPI do MST e que tem muito interesse em atacar o MST e, portanto, estavam junto com Bolsonaro porque o Bolsonaro é uma combinação de fatores”, frisou.
Segundo ela, a irritação de Salles é porque ele “precisa prestar conta para esse setor que financiou a sua campanha e que tem muito a agradecer a ele pelo desserviço que fez para a população brasileira nos últimos quatro anos”, como ministro do Meio Ambiente de Jair Bolsonaro..
“Salles tem uma relação orgânica e política, pois tem os mesmos interesses: atacar o maior movimento social do Brasil é dizer para a população brasileira que lutar não vale a pena. Criminalizar a ideia de se organizar politicamente é a maior síntese do que é o bolsonarismo. Eles querem atacar as liberdades democráticas”, completa.
Misoginia
Sobre a violência política que enfrenta na CPI, Sâmia diz que “a misoginia é uma arma utilizada pela extrema direita o tempo todo para aglutinar a base social bolsonarista mais fanática no Brasil”.
“A misoginia é um método para tentar tirar minha seriedade, meu raciocínio, a minha paciência e, com isso, intervindo no conteúdo do que eu estou apresentando na CPI. E não é coincidência. Sempre que eu trago um fato que mostra os crimes dos quais eles - os membros da CPI - os bolsonaristas estão envolvidos é quando corta o meu microfone, começa a gritar, interrompem, fazem uma piada, uma ofensa me chamando de tudo que é nome”, denuncia.
Sâmia avalia, no entanto, que a tentativa de silenciar não tem sucesso. “Quando eu leio e de alguma forma deixa desconfortável um general no meio da comissão do qual ele nem é membro por denunciar sua relação com o golpismo vira até motivo para Conselho de Ética, mais uma vez incorrendo em violência política de gênero. Isso mostra que a gente está fazendo o que tinha que ser feito: revelando os crimes do agronegócio o papel que eles têm com o bolsonarismo golpista”, disse.
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