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Ricardo Nêggo Tom

Cantor, compositor, produtor e apresentador do programa Um Tom de resistência na TV 247

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Se Eduardo Bolsonaro não for cassado, a facada no bucho da democracia não será fake

É preciso considerar o risco que um deputado armamentista, violento e desequilibrado representa aos demais membros do parlamento

Eduardo Bolsonaro (PL-SP) ofende e tenta agredir o deputado petista Dionilso Marcon (PT-RS) (Foto: Reprodução)

Estava eu entretido com alguns "desafazeres" virtuais, quando me surge, do nada, um vídeo onde o deputado Eduardo Bolsonaro, também conhecido como “bananinha” e “mixaria”, estava dando um ataque de pelancas durante uma reunião da Comissão de Trabalho da Câmara dos Deputados e ameaçando encher de porrada o também deputado federal Dionilso Marcon, do PT-RS. Antes de saber o motivo da pendenga, imaginei que alguma mulher tivesse lhe oferecido cerveja enquanto ele tomava o seu Campari. Sabe como é, né? Macho sigma não admite que o sexo feminino diga o que ele deve beber.

Porém, para a minha surpresa, little banana estava chateado por ter ouvido do deputado petista que a facada fake que o seu pai levou em 2018, foi fake. Algo que também já havia sido dito pelos ex-deputados Alexandre Frota e Cabo Daciolo, entre outros, mas nunca tinha despertado a masculinidade de Dudu bananinha de forma tão testosterônica. "Te enfio a mão na cara e perco o mandato. Mas não perco a minha dignidade”, vociferava o red pill parlamentar, enquanto a sua expressão corporal sugeria que ele estivesse sendo contido por seguranças da casa, no seu ímpeto de agredir ao seu colega de parlamento. Alguém com bem mais idade e menos compleição física para encará-lo.

Desequilibrado, covarde, misógino e homofóbico como todo bolsonarista, o filho 03 do seu Jair comprovou que, em se tratando de família Bolsonaro, quem sai aos seus não se regenera. Se o parlamento brasileiro exigir de si mesmo o mínimo de decoro, respeito à sociedade e civilidade no relacionamento entre aqueles que fazem parte de suas fileiras, um representante deste que se dirige a outro utilizando termos como: “filho da puta”, ‘’viado”, ‘’puto”, e ameaçando lhe dar uma facada no bucho, tem, peremptoriamente, que ter o seu mandato cassado e responder criminalmente por suas falas. É inadmissível que Eduardo Bolsonaro continue deputado federal. Assim como já foi inadmissível que o seu pai, mesmo tendo exaltado a tortura em discurso na câmara dos deputados, não tenha perdido o mandato naquela ocasião.

O mais inacreditável nessa história, é que Dudu Bolsonaro evocou a defesa da sua dignidade para justificar a sua atitude marginal e criminosa. Mas, que dignidade? É preciso considerar o risco que a presença de um deputado armamentista, violento e desequilibrado, representa para os demais membros do parlamento. Basta observarmos o número de crimes cometidos por bolsonaristas num momento de fúria e de descontrole emocional, mesmo quando não estão sendo confrontados política e ideologicamente. Não é a primeira vez que um deputado desse segmento faz ameaças ou parte para a violência física contra colegas da oposição. Vamos esperar que algum deles faça uma vítima fatal dentro do parlamento, como foi feito com Marielle Franco fora dele?

Se Eduardo Bolsonaro não for cassado, a política brasileira e o povo, que é quem paga o salário de parlamentares como ele, estarão sendo esfaqueados. E, desta vez, a facada não será cenográfica e o sangue verterá inestancável do bucho da nossa democracia.

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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