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Miguel Paiva

Miguel Paiva é chargista e jornalista, criador de vários personagens e hoje faz parte do coletivo Jornalistas Pela Democracia

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Quem ensina amigo é

O ato de ensinar e aprender é a grande arma contra a ditadura fascista, o embotamento do saber, e a condução coercitiva da população por seus algozes

(Foto: Miguel Paiva)

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O fato de Eduardo Bolsonaro agredir os professores num discurso não me surpreende. Me choca, mas não me surpreende. Aliás como tudo que a familícia faz. Tudo que Dudu Bolsonaro detesta é um professor. Ele simboliza conhecimento, aprendizado, transformação ciência e educação. Bolsonaro, seja qual for, é contra tudo isso. Paulo Freire era professor e por isso e mais outras coisas eles o detestam. Ensinar é preparar alguém para a transformação. O conhecimento transforma. A Educação transforma. Bolsonaro detesta qualquer transformação vinda do povo.

Não consigo imaginar um professor (e olha que até tem) que ensine a mentira, a falsidade, a história contada pelos poderosos como ensinamento puro e verdadeiro. Não dá para acreditar. Os que existem sabem que estão indo contra a corrente da verdade. Eles deturpam os livros, mas acabam mesmo é queimando-os. A verdade acaba vindo à tona. A História não perdoa então, o jeito é queimar os livros, queimar os professores, queimar a verdade.

Eduardo tem razão em criticar os professores não com a comparação que fez, mas de fato o ensinamento passado pelo professor é arma poderosa para transformar a realidade injusta, para trazer representatividade, para tentar igualar as diferença. Isso dá medo nos fascistas. A escola que a extrema direita quer implantar é a escola do medo, a escola militarizada que prega a força como educação. Ou seja, totalmente contrária ao que pensamos nós.

Conheci e trabalhei com Paulo Freire como já disse aqui. Uma vez na Guiné- Bissau presenciei Paulo confessar que vivia uma crise enorme em assistir as aulas dos alunos de seu curso cometendo erros. Ele se segurava para não intervir em respeito ao que ele mesmo pregava de você acertar errando e em respeito ao professor de fato que deveria conduzir a aula para chegar a esta conclusão. Quem faz isso, quem pensa assim está pensando na frente, prevendo a evolução do aluno e do ensinamento. Paulo era favorável ao conhecimento da realidade para a transformação dela. Por isso os bolsonaristas o detestam e detestam a escola, os professores e os alunos.

O ato de ensinar e aprender é a grande arma contra a ditadura fascista, o embotamento do saber, a aridez das ideias e a condução coercitiva de toda uma população por seus algozes. Ainda bem que nos livramos disso e ainda bem que os professores podem, além de exercer suas atividades extremamente louváveis, ter uma perspectiva de vida mais justa e gratificante. Viva os professores.

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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