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Adilson Roberto Gonçalves

Pesquisador científico em Campinas-SP

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Os jornalões e o tabuleiro político

(Foto: Reuters | Reprodução)

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Em última leitura e análise dos jornalões neste final de 2021, vemos que o Estadão insiste em combater o despresidente, mas ainda aposta numa inexistente terceira via. Ao se referir ao empresariado, considera-o uma elite que aplaude o atraso, tocando em ponto sensível que explica a natureza colonial dos empresários. Longe de investir eles próprios na economia, ficam à espera das benesses governamentais, quer seja por subsídios, quer seja por empréstimos ou parcerias com bancos estatais. No mais, o recente encontro havido com a presença do despresidente não se justifica nem como pantomima, pois sentar-se junto a fascista é tornar-se um deles. O empresariado brasileiro está longe da missão de desenvolver o país, ficando perto apenas do preenchimento dos próprios bolsos.

A Folha, por sua vez, tem realmente dificuldades para encarar o fenômeno Lula. As intenções de voto avaliadas pelo Ipec – e, depois, pelo próprio Datafolha – mostram que o ex-presidente venceria as eleições no primeiro turno, é isso que mostra a pesquisa e o que deveria estar na manchete de meados de dezembro. O que pode ou não mudar nos próximos 10 meses faz parte da análise política, mas o quadro hoje deveria ser mais bem explicitado. Só faltava o jornal dizer que o queridinho Moro aumentou em 20% a intenção de votos desde que se lançou candidato... O jornal partiu de um sofisma pernicioso no editorial “O vice de Lula” (22/12) ao dizer que 2022 será um embate entre antipetismo e antibolsonarismo. Na verdade – e as pesquisas assim revelam – já está sendo um embate entre civilização e barbárie. A retomada do rumo democrático e da valorização do estado de direito é o que acontecerá. O único atenuante à Folha é que o período favorece a crença em fantasias, como o Papai Noel e a terceira via.

No caso de Alckmin, penso que agora ele está livre para seus voos solo. Lembremos que foi alçado ao governo paulista apenas devido à morte de Mário Covas, mas conseguiu a alquimia de se projetar, com o devido apoio da Opus Dei e de caciques tucanos. Se a aproximação com Lula é desejo de fato ou estratégia para ainda valorizar seu passe como forte candidato ao governo paulista, saberemos pelos próximos movimentos nesse intrincado tabuleiro político do qual pouco se sabe qual é o jogo em andamento.

Mais uma vez, nesses jornais, é denunciada a máquina mortífera no Planalto, mas há que se considerar também que os crimes estão sendo cometidos com a ação de cúmplices descarados, o parlamento em primeiro lugar. Porém, em face do derretimento da candidatura à reeleição, está cada vez mais próximo o acordão para que Bolsonaro deixe o cargo para concorrer a deputado federal, lugar cativo apoiado diretamente pelos milicianos fluminenses, mantendo o foro e fazendo de Mourão um possível nome dessa direita desavergonhada e criminosa. Isso porque os dados das pesquisas eleitorais mostram o Lula dos pobres e o Bolsonaro dos podres. O Datafolha, por exemplo, revela outras questões instigantes. Lula defender os pobres é evidente, mas Bolsonaro se guiar pela religião só se for exclusivamente pelo caráter podre, punitivo, vingativo, machista e de morte de um deus masculino presente no Velho Testamento.

Por fim e além de tudo, a Folha e seu ombudsman fazem agora plágio e respondem com o silêncio. Na última publicação do ano, o contratado para ser representante dos que ainda leem o jornal compôs uma coluna inteira com ctrl C + ctrl V dos comentários que os leitores escreveram, sem lhes dar crédito ou compartilhar a remuneração. Isso é muito abusivo! Assim fica fácil trabalhar na Folha.

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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