O ‘boicote’ empresarial contra o governo argentino
A greve desta sexta-feira mostra alguns dos desafios de Sergio Massa
O ministro da Economia da Argentina e candidato presidencial Sergio Massa acusou empresários do setor de transportes de ‘boicotar’ e tentar ‘extorquir’ o governo, a menos de três meses da eleição presidencial. As afirmações de Massa foram feitas, nesta sexta-feira, quando milhares de passageiros de ônibus e de trens da Argentina tinham sido surpreendidos com uma paralisação dos transportes na região mais populosa do país - a cidade de Buenos Aires e grande parte da periferia na província de Buenos Aires.
“Queremos empresas fortes, serviços públicos que funcionem e trabalhadores com bons salários. Não queremos parasitas que praticam a extorsão”, disse Massa. Após dezessete horas de greve por parte do setor e longas reuniões com empresários e sindicalistas, o ministro anunciou o fim (temporário) da paralisação. Eles voltam a se reunir na segunda-feira para tentar chegar a um acordo sobre o fluxo de recursos que o governo destina às empresas de transporte de passageiros – os chamados subsídios que entraram em vigor na Argentina após a histórica crise política, econômica e social de 2001, quando a queda de presidentes foi em série, com um caindo atrás do outro. Os subsídios foram uma tentativa de estimular o consumo e reerguer trabalho e empresas locais.
A greve desta sexta-feira mostra alguns dos desafios de Massa. Ele foi escolhido pela vice-presidente Cristina Kirchner e acabou tendo respaldo de Alberto Fernández para disputar as primárias como candidato do governo, pela coalizão União pela Pátria (ex-Frente de Todos), na votação de agosto que antecede a eleição presidencial de outubro. Nas primárias, os eleitores argentinos votam no candidato de cada chapa ou partido de sua preferência e o mais votado disputará a eleição. Além de Massa, o pré-candidato de esquerda Juan Grabois, do Movimento Trabalhadores Excluídos, também se apresentará como o nome do governo em agosto. Nesta sexta-feira, Grabois disse que tem o apoio de Cristina Kirchner.
Massa, por sua vez, espera ter o apoio da ex-presidente. A intriga será resolvida nas urnas. Na área econômica, ele luta para que a inflação perca força – somente em maio o índice foi de 7,8% e acumula 42% nos primeiros cinco meses do ano. E, nesta sexta, deixou claro que não pretende acumular mais problemas, começando pelo setor empresarial.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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