Ninguém mora em encosta para apreciar a vista do mar e das estrelas
Onde deveriam existir moradias populares, existem prédios com varandas gourmets sendo construídos sem planejamento urbano algum, como pragas urbanas
Uma mansão vertical é erguida no bairro do Itaim Bibi, um dos endereços mais personnalitès de São Paulo. O apartamento mais barato ali custa 24 milhões.
A obra faraônica, que está no estágio final, foi embargada. Isso devido a uma denúncia anônima alertando que a prefeitura simplesmente ignorou algo básico: O prédio foi erguido sem alvará algum. Teriam que pagar em impostos mais de 60 milhões. Mas, ao que tudo indica, funcionários da prefeitura não estão preocupados com a quantia tão irrelevante, ou sem preocupam de uma outra forma.
Eu quero chegar na tragédia do litoral. Grandes empreendimentos luxuosos expulsam populações vulneráveis para as encostas. Onde deveriam existir moradias populares, de acesso digno, existem prédios com varandas gourmets sendo construídos sem planejamento urbano algum, como pragas urbanas. As prefeituras seguem numa relação de amor, carinho e camaradagem infinita com tais empreiteiros.
A faixa 1 do “minha casa minha vida” foi extinta nos governos anteriores. Mesmo assim, moradias populares seriam vistas com nojinho pelos moradores que não querem ser vizinhos de seus serviçais.
Sofre o pobre que não constrói seu barraco no alto da encosta para ter uma vista linda do mar, mas sim por não ter condições de pagar 300 mil num apartamento. Sofre o meio-ambiente, que perde o pouco do que restou de mata atlântica. Só não sofre quem lucra com a dor e a negligência.
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