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Marcia Carmo

Jornalista e correspondente do Brasil 247 na Argentina. Mestra em Estudos Latino-Americanos (Unsam, de Buenos Aires), autora do livro ‘América do Sul’ (editora DBA).

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Equador: uma mulher e sete homens disputam a eleição presidencial antecipada

'Pesquisas indicam que a eleição poderia marcar o retorno da esquerda à presidência equatoriana', escreve a colunista Marcia Carmo

Guillermo Lasso (mais destacado) e Rafael Correa (Foto: Reuters)

Daqui a pouco mais de um mês, no dia 20 de agosto, cerca de 13,5 milhões de eleitores equatorianos votam na eleição presidencial antecipada. O presidente do Equador, Guillermo Lasso, de direita, convocou a eleição após quase perder, por completo, o mandato presidencial, no mês de maio. Com uma canetada, Lasso dissolveu o Congresso, encurtou seu mandato e convocou a votação à cadeira presidencial no Palácio presidencial de Carondelet. Sua canetada ocorreu quando os parlamentares votariam seu impeachment. Lasso apelou a um artigo da constituição, chamado ‘Morte cruzada’, que provoca o fim dos mandatos de presidente e dos legisladores. O próximo presidente será eleito para concluir o mandato de Lasso até maio de 2025. A eleição também será realizada para eleger os novos legisladores.

As pesquisas indicam que a eleição poderia marcar o retorno do partido do ex-presidente Rafael Correa, de esquerda, à Presidência. Correa mora na Bélgica desde 2017, argumentando ser perseguido pela Justiça local. Correa, que governou o país durante dez anos (2007-2017), disse que não quer anistia porque não cometeu crimes e espera definições de tribunais internacionais. A justiça o acusa de envolvimento em uma trama de suposta corrupção envolvendo construtoras brasileiras.

A Justiça equatoriana o tornou inelegível, mas até entre seus adversários se reconhece que deixou um legado que inclui uma série de obras de infraestrutura (como estradas) no país. Sua candidata nesta eleição, Luiza González, da Revolução Cidadã, é a única mulher na corrida presidencial. Com carreira política em Quito, a capital do país, González defende a identidade equatoriana como uma de suas bandeiras de campanha e diz que Correa será seu principal conselheiro se ela chegar à Presidência. Em entrevistas, ela costuma elogiar o presidente Lula – (“por sua decisão pela inclusão social) – e o presidente do México, Andrés Manuel López Obrador (AMLO).

Analistas equatorianos observam que o Equador tem duas visões de país. Na histórica Quito, nos Andes, a quase três mil metros de altitude, os eleitores costumam ser favoráveis à presença do Estado na economia. Na cidade portuária de Guayaquil, com forte presença empresarial e onde o atual presidente nasceu e fez negócios, a tendência costuma ser pelo voto em candidatos de direita. Mas a esquerda tem recuperado a simpatia do eleitorado, inclusive onde não estava na preferência. Nas eleições municipais, realizadas no início deste ano, o partido do ex-presidente Correa recebeu forte respaldo do eleitorado, incluindo em Quito e em Guayaquil. Falta pouco para saber o que acontecerá no dia 20 de agosto – ou no segundo turno, no dia 15 de outubro.

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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