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Helena Chagas

Helena Chagas é jornalista, foi ministra da Secom e integra o Jornalistas pela Democracia

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Economia traz popularidade a Lula - e não somos estúpidos

"A melhor estratégia política de Lula é a economia, já que deputados e senadores não compram briga com presidentes que vão bem nesse quesito, diz Helena Chagas

Luiz Inácio Lula da Silva (Foto: Ricardo Stuckert)

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Registramos aqui, recentemente, a opinião de que a melhor estratégia política de Lula — ou seja, a forma de o presidente tourear um Congresso conservador — é a economia, já que deputados e senadores não compram briga com presidentes que vão bem nesse quesito. Mais cedo do que se imaginava, o efeito começa a se fazer sentir, ainda que de forma incipiente. É o que mostra a completa pesquisa Quaest divulgada nesta quarta, que nos permite relacionar a percepção de bons números relativos à economia ao crescimento na popularidade presidencial de abril para cá.

Sim, Lula está crescendo nas pesquisas, diferentemente da narrativa de parte da mídia e sua interpretação sobre os resultados de levantamentos de alguns institutos. De boa ou má-fé, muitos vêm confundindo “aprovação” com “avaliação”, que têm significado bastante diferente, segundo especialistas como o professor Antônio Lavareda. A Quaest da semana traz os mesmo 37% positivos mostrados pelo IPEC e pelo DataFolha diante da pergunta sobre a avaliação do presidente — nuns, “bom e ótimo” ou “ruim e péssimo”; noutro, avaliação positiva ou negativa. 

Na interpretação de pesquisadores americanos e brasileiros, como Lavareda, o critério que de fato importa na análise da popularidade de um governante é o da aprovação, sempre correspondendo a uma pergunta dicotômica: aprova ou não sua maneira de governar? Nesse quesito, Lula girava em torno de 50% em outros institutos — bem mais do que os 39% da eleição — e agora, segundo a Quaest, cresce de 51%, em abril, para 56%. 

Esse é o número chave da popularidade de Lula neste momento, retornando aos patamares de fevereiro passado. O detalhamento mostra que o presidente cresceu nos redutos mais hostis, como as regiões Sul (de 43% em abril para 48% em junho) e Centro-Oeste (de 46% para 56%). Começa a mostrar certo progresso até mesmo entre os evangélicos (hoje é aprovado por 44%, ante 39% em abril). Entre os eleitores de Bolsonaro, sua aprovação subiu de 14% para 22%.

Os números da pesquisa mostram que está sobretudo na economia a origem da melhoria geral da percepção. Passou de 23% para 32% o total dos que acham que a economia melhorou nos últimos 12 meses, e caiu de 34% para 26% o índice de quem acha que piorou. A maioria, 39%, acha que ficou igual. Mas houve uma inversão de expectativas. Para 56% dos entrevistados, a economia vai melhorar nos próximos 12 meses, contra 25% que acham que vai piorar. 

A queda no preço dos alimentos ainda não foi sentida (28% acham que caiu, 25% que ficou igual e 46% que subiu), mas a redução nos combustíveis já é apontada por 42% das pessoas. Mas são as respostas sobre políticas do governo Lula que mostram o caráter inequívoco da mudança dos ventos na aprovação. Nada menos do que 76% das pessoas aprovam o programa que deu isenção de impostos à montadoras para reduzir o preço dos carros e 73% se declaram a favor do Desenrola, iniciativa que permite a renegociação de dívidas. O fim da paridade internacional dos preços da gasolina foi apoiado por 61%, assim como a reforma tributária que o governo defende, com a unificação dos impostos, tem o respaldo de 54% dos entrevistados.

Do outro lado da moeda, a pesquisa sinaliza ao governo problemas com outras políticas. A revisão da privatização da Eletrobras, por exemplo, sofre a oposição de 40% das pessoas, contra 38% que apoiam. A exploração de petróleo na foz do Amazonas, se sair, terá que ser melhor explicada à população: 52% se dizem contrários. O maciço bombardeio midiático sobre a recepção de Lula ao presidente venezuelano Nicolas Maduro, por sua vez, parece ter tido efeito: nada menos do que 64% das pessoas se declaram contrárias à retomada de relações diplomáticas com a Venezuela.

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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