CPI do MST é uma aberração, não tem objeto definido e serve apenas à criminalização do movimento
Parlamentares bolsonaristas e do agronegócio querem inviabilizar o movimento que combate a pior chaga do Brasil atualmente: a fome
O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), leu nesta quarta-feira (26) o requerimento que cria uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
A iniciativa da CPI foi do deputado Tenente Coronel Zucco (Republicanos-RS), com apoio de deputados da bancada ruralista. Com 27 integrantes, a maioria bolsonarista, a CPI não tem um fato determinado, se destina a investigar “invasões de terra pelo MST, bem como seus objetivos e fonte de financiamento”. Em outras palavras, será uma tenda montada para um espetáculo deprimente da extrema-direita, cujo único objetivo é tentar criminalizar o maior movimento popular do Brasil atualmente.
Ao longo dos seus quase 40 anos de trajetória, o MST se consolidou como referência na luta por terra. O movimento engloba 450 mil famílias assentadas; 1,9 mil associações de produtores; 160 cooperativas; 120 agroindústrias. o MST é o maior produtor de arroz orgânico da América Latina.
Durante a pandemia, o MST doou mais de 8,5 mil toneladas de alimentos e 2,5 milhões de marmitas para pessoas e famílias em situação de fome e insegurança alimentar em todas as grandes regiões do país. No mesmo período, integrantes do agronegócio que hoje acusam o MST estavam ao lado da política negacionista e genocida de Jair Bolsonaro, que contribuiu para a morte de mais de 700 mil brasileiros. Durante os 580 dias em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ficou preso injustamente em Curitiba, o MST exerceu papel fundamental na organização do acampamento Lula Livre.
As mobilizações do MST neste mês de abril, na Jornada Nacional de Luta pela Terra e pela Reforma Agrária, ocupações foram realizadas em latifúndios e alguns prédios, o que irritou integrantes do agronegócio. Membros do governo Lula também demonstraram incômodo. Nada disso, entretanto, não tem força para justificar a criação desta CPI, cujo relator pode vir a ser o deputado Ricardo Salles, ex-ministro e inimigo do Meio Ambiente.
Nas redes sociais, nesta quinta-feira (27) milhares de pessoas saíram em defesa do MST e a hashtag #TocomMST ficou entre os assuntos mais comentados do país. Mesmo com as atenções voltadas para a CPMI dos Atos Golpistas, o governo Lula precisa escalar seu time para defender o MST nesta CPI. O MST é um patrimônio do povo brasileiro e não será achincalhado ou vilipendiado por uma horda de políticos que lucram com a fome e a desigualdade.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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