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Adilson Roberto Gonçalves

Pesquisador científico em Campinas-SP

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Corrupção graúda e impunidade

Há desde a corrupção miúda até as joias milionárias, radiografia perfeita do modus operandi da corrupção que assolou o governo federal nos últimos quatro anos

Jair Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Cesar Barbosa Cid e joia (Foto: Reprodução)

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 No tempo das agendas em papel, funcionários públicos que éramos, alertavam-nos que não poderíamos receber tal mimo de fornecedores como presente de Natal pela possibilidade de ser configurado suborno. Agora, conjuntos de joias foram “doados” ao ex-mandatário do país e, talvez, a sua esposa, por um governo fortemente interessado em nosso petróleo, que somente não foram de forma impune devido ao servidor cumpridor de suas obrigações. Mais um escândalo envolvendo a família do ex-presidente, resgatando a expressão dos anos 1970-1980: tudo joia! A questão não é elencar mais um ato criminoso dessa corja, mas, sim, tentar encontrar algum crime que não tenha sido praticado pelo ex-capitão fugidio e a sua “familícia”. Parece que puseram em prática todos os artigos do Código Penal.

 Há desde a corrupção miúda até as joias milionárias, uma radiografia perfeita do modus operandi da corrupção que assolou o governo federal nos últimos quatro anos. Por não saber a extensão das rachadinhas, faço a ressalva de que elas seriam miúdas, pois pode ter saído daí numerário suficiente para aquisições imobiliárias em dinheiro vivo, fartamente documentadas e denunciadas. De qualquer forma, fica o exemplo da importância da independência das carreiras públicas, pois foi por meio delas que saíram as denúncias das joias milionárias, em paralelo com aquelas ocorridas quanto a desvios de recursos para vacinas e outros insumos, em condução assassina na gestão da pandemia. O meme do mimo está causando mais estrago ao ex-capitão e seu entorno do que esses outros crimes, junto com o extermínio genocida dos yanomamis. Que assim seja! No entanto, tal comportamento não se restringe a esse grupo, uma vez que é seguido pelos adeptos do ex-presidente no trato da coisa pública ou mesmo pelos que conduzem instituições culturais de caráter privado, mas com forte aporte de incentivos estatais.

 Lembremos, portanto, que os crimes não podem ficar impunes, tais como deve haver punição a todos os envolvidos no crime de atentado aos Poderes constituídos e tentativa de golpe de Estado em 8 de janeiro. Os que ficaram à frente dos quartéis na minha cidade, por exemplo, são tão culpados quanto os que estiveram em Brasília, pois fomentaram os crimes da mesma forma. E continuam a propagar o discurso de ódio nas redes sociais a que ainda têm acesso, ocupando lugares de destaque na vida cultural, política e social local.

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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