Cabe a Lula dar o primeiro passo para preservar o Oficina de Zé Celso
"Será preciso resistir. Como Zé Celso sempre ensinou, dentro e fora do palco", aponta
Vinte e quatro horas depois de sua morte, é hora de encaminhar as primeiras providências para proteger a riquíssima memória de José Celso Martinez Correa.
Estamos falando do Teatro Oficina, endereço de uma das principais usinas criativas da cultura brasileira, abrigo de espetáculos memoráveis que ajudaram o Brasil a refletir sobre seu país, seu presente, sua história e seu futuro.
Alvo da especulação imobiliária -- doença da predação capitalista de nossa época, que destrói a vida urbana e compromete o futuro de gerações --, o teatro é um imenso legado cultural, mas também político.
No passado, suas peças produziram uma insuperável memória da resistência a um regime execrável que prendia, torturava e executava, funcionando como uma luz corajosa na preservação de valores humanitários.
Mais tarde, sempre sob a batuta de Zé Celso, o Oficina tornou-se uma fortaleza heróica contra um projeto de selvageria urbana que pretende erguer um monstruoso conjunto de edifícios de 100 metros de altura em seu torno e assim abrir caminho para as formas contemporâneas de inferno urbano.
Zé Celso resistiu enquanto teve forças e sabemos que elas eram muitas. Graças a sua liderança corajosa o teatro permanece de pé.
A partir de agora, o futuro do Oficina, e da qualidade de vida material e cultural da população que deu ao Bixiga características que expressam miscelânea urbana-cultural-política brasileira numa de suas formas mais ricas e mais belas, estará novamente ameaçada.
Será preciso resistir. Como Zé Celso sempre ensinou, dentro e fora do palco.
Com a coragem que marca sua biografia, e o respeito aos valores do povo que sabe encarnar como poucos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva poderia dar o primeiro passo.
Pela estatura política, pelas relações com a cultura brasileira e com o próprio Zé Celso, é o único com estatura política e empatia pessoal para isso. Depois dele, é certo que muitos outros virão.
Alguma dúvida?
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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