Ataque de extrema-direita a Alexandre de Moraes deve ser investigado seriamente
'As agressões contra o ministro do STF representam uma das principais ameaças à democracia brasileira', diz o colunista Paulo Moreira Leite
Na viagem de volta ao Brasil, após uma palestra na Universidade de Siena, na Itália, o ministro Alexandre de Moraes foi atacado por três brasileiros no aeroporto de Roma. Todos foram identificados por integrantes da Polícia Federal que faziam a segurança do ministro.
Numa primeira agressão, uma mulher identificada apenas como Andrea aproximou-se do ministro para chamá-lo de "bandido, comunista e comprado".
Em seguida, um cidadão "identificado pela PF como Roberto Mantovani Filho, reforçou os xingamentos e teria chegado a agredir fisicamente o filho do ministro que é advogado e tem 27 anos." Pouco depois, uma terceira pessoa, Alex Zanata Bignoto, se "juntou aos dois agressores disparando palavras de baixo calão" aproximou para xingar o ministro. (Reportagem de Weslley Galzo, Estado de S. Paulo, 16/7/2023).
Os três possuem laços de família entre si. Dono de uma corretora de imóveis, Bignoto é genro de Mantovani Filho, empresário estabelecido em Santa Bárbara do Oeste, onde, "controla empresas da região" e também "atua com administração de bens imobiliários, consultoria empresarial e equipamentos imobiliários".
Mantovani Filho, que em entrevista ao Estadão chegou a referir-se ao caso como "pequena confusão", não é um personagem estranho ao mundo político do interior paulista. Fez campanhas para candidaturas do PSD em Santa Bárbara e na pequena cidade de Socorro chegou a emprestar um imóvel para Ricardo Lopes, candidato eleito à prefeitura.
Na volta ao país, os agressores foram abordados e identificados ao desembarcar em Guarulhos, em São Paulo, onde se tornaram alvo de um inquérito da Polícia Federal.
Não só o ministro da Justiça Flávio Dino se solidarizou com a violência sofrida por Alexandre Moraes. Alexandre Padilha, das Relações Institucionais, divulgou nota sobre o caso, lembrando que a defesa do Estado de Direito e das instituições "são pilares essenciais da democracia".
Embora o país não tenha um histórico numeroso de agressões políticas desse tipo, ao contrário do que ocorre em diversos países da América do Sul e também da Europa, é bom lembrar que movimentos de natureza fascista -- como o bolsonarismo -- também não faziam parte das tradições brasileiras até há pouco.
Isso significa que um episódio dessa natureza representa uma excelente oportunidade para o país investigar e conhecer as raízes de uma das principais ameaças à democracia em nossa época.
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* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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